O Tempo e a Esperança!
Por Hemerson Ari Mendes
Psicanalista (SPPEL), atual presidente da FEBRAPSI
Fim do ano! Fim dum tempo! Só mais um tempo entre tantos tempos!
O poeta Mario Quintana aponta para a necessária dose de “Esperança” no nascimento deste tempo que chamamos de ano. Tempo de alegrias e dores, prazeres e loucuras ...
“Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E — ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…”
São várias as medidas que podemos utilizar, dos centésimos de segundos que definem recordes, passando pelos tradicionais 50 minutos das sessões, pela semana da “criação”, os trimestres escolares ... séculos, milênios e os bilhões da idade do nosso planeta.
Todos os tempos carregam o amalgama de vida e morte; em uma batalha para o re/torno ao nada e ao tudo que já se viveu/sentiu.
Cada etapa com suas medidas de tempos, vejamos!
Entre a fecundação – resultante do encontro entre duas mentes - e o nascimento: são dias, semanas, meses, trimestres. Enfim, tempos!
Tempos nos quais as alegrias, as angústias, os medos, os acidentes e a biologia aceleram, lentificam, paralisam, interrompem …
Tempos que se repetem, de tempos em tempos.
Tempo do termo, da mãe e, (in)felizmente, do bloco cirúrgico. São tempos de escolhas e (im)possibilidades.
Tempo das, e entre as, contrações. Tempo do parto e da chegada. Tempos do APEGAR com suas medidas de esperança e ameaças.
Tempos das mamadas e entre elas. Sono. Fraldas. Banhos.
Tempo ditado, tempo imposto. Tempo roubado, tempo perdido, tempo aproveitado.
Tempo presente; tempo passado; tempo futuro?
Aulas, férias. Tempo de estudo, tempo de brincar.
Tempo jogado, tempo parado, tempo extra, tempo prorrogado.
Game over: fim do tempo, fim da vida? Não, nova ficha, nova vida. Aprendemos com os adolescentes e seus jogos que podemos ter várias vidas/tentativas.
Tempo de crescimento, tempo de espera, desespera, atropela. Por que não parar? Porque não para!
Tempo de namoro, tempo do namoro, tempo para o namoro; tempo no namoro!? Tempo sem namoro.
Tempos de encontros, desencontros, reencontros … Tempo ganho, tempo aproveitado, tempo gasto; tem(p)o perdido!
Não, tempo vivido! Vívido?
Tempo da formação, tempo do trabalho, tempo da sessão; tempo para a família, tempo para os filhos; tempo para?!
Tempo que passa, tempo que voa, tempo que não volta.
Tempo para pensar, tempo sem tempo, tempo para parar.
Tempo: dá um tempo!
Tempo de trabalho, tempo para aposentar, tempo para aproveitar (?).
Tempo para vida, tempo da vida. Tempo de vida!
Tempo sem tempo.
Tempo!!!
Sim, mais um ano! Que a leveza da infantil esperança, nutrida/sonhada pelas boas lembranças, nos alimente/estimule para novos voos/caminhadas guiados pela esverdeada busca das necessárias utopias.